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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Mãe de preso político desaparecido defende criação do Comitê da Verdade

Dom Hélder: a injustiça é una e indivisível


O advogado e vereador de Olinda, Marcelo Santa Cruz (PT), tornou público, hoje, o depoimento emocionado de sua mãe, Elzita Santa Cruz, em apoio à criação da “Comissão da Verdade” para apurar todos os casos de violação de direitos humanos ocorridos no Brasil durante o regime militar. Ei-lo:

“Sou Elzita Santa Cruz, mãe de Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, preso político desaparecido em 23 de fevereiro de 1974, na Cidade do Rio de Janeiro. Venho mais uma vez representando todas as mães dos perseguidos pela ditadura, nos meus 97 anos de vida, saudar a instalação do Comitê Pernambucano da Verdade, Memória e Justiça, na perspectiva de que sejam apurados os crimes cometidos pela ditadura que infelicitou a nação brasileira por tanto tempo”.

“A anistia pela qual lutamos, ampla, geral e irrestrita, com os esclarecimentos das torturas, assassinatos  e dos mortos e desaparecidos políticos, não foi obtida pelo povo brasileiro. Agora se impõe na consolidação da democracia e do Estado Democrático de Direito, que os arquivos da repressão política sejam abertos e franqueados o seu acesso a todos interessados”.

“Desta forma, faz-se necessário, aprovar o projeto de lei que se encontra em tramitação no Congresso Nacional, pelo fim do sigilo perpétuo imposto aos documentos públicos. Que seja criada a Comissão da Verdade, Memória e Justiça, e que  tenha como foco as questões que não foram resolvidas pela anistia ,as torturas, os assassinatos e os desaparecidos forçados do campo e da cidade, isto é, os que foram mortos na guerrilha do Araguaia e as outras mortes  ocorridas na cidade, em que os cadáveres também foram ocultados de seus familiares”.

“São os mortos sem sepultura, sempre presente na luta do povo brasileiro, representada pelos Sem Terra, através da Reforma Agrária, dos Sem Tetos, por uma política de habitação popular, com a melhoria de ocupação do solo urbano, por uma escola e saúde de qualidade, universal, enfim, precisamos fazer com que a bandeira dos direitos humanos não seja empunhada apenas pelos familiares dos desaparecidos políticos, assassinados e torturados, mas por todos que lutam e bradam por uma pátria livre, democrática, sem fome e que não haja miséria”.

“VIVA O COMITÊ DA VERDADE, MEMÓRIA E JUSTIÇA. VIVA A LUTA DO POVO BRASILEIRO POR JUSTIÇA SOCIAL. Permitam-me concluir este meu pronunciamento citando Dom Helder Câmara, a quem sugiro pela sua luta pelos direitos humanos seja o patrono deste comitê: ‘A injustiça é una e indivisível; atacá-la e fazê-la recuar, aqui e ali, é sempre fazer avançar a justiça’”.
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Postado no Conversa Afiada do Jornalista Paulo Henrique Amorim

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