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sábado, 13 de agosto de 2011

Chile: Direita sugere matar líder estudantil para pôr “fim aos protestos”

Mais de 3 mil estudantes se encontram em Montevidéu para o 16º Congresso da Organização Continental Latino-Americana e Caribenha de Estudantes (Oclae). Na ocasião o jornal La República publicou um artigo em que comenta as ameaças sofridas pela líder estudantil Camila Vallejo (foto) e saúda os delegados provenientes de toda a América Latina e Caribe. O Congresso se desenvolve até o domingo, dia 14.

“A repressão contra os estudantes chilenos não só foi feita pela polícia, mas agora estão amedrontando pelo Twitter a líder Camila Vallejo. Um usuário apelidado como @el_yorchi divulgou dados pessoais da dirigente estudantil, como seu endereço, número de telefone, que rapidamente foram retuitados por várias contas, entre elas @derechatuitera.

O massivo repúdio da comunidade fez com que @derechatuitera tivesse de pedir desculpas e que os pais da líder dos estudantes interpelassem instâncias judiciais para buscar proteção do assédio.

Porém, algo mais grave aconteceu quando uma funcionária do governo de Sebastian Piñera, Tatiana Acuña Selles, secretária executiva do Fundo do Livro, ligado ao Ministério da Cultura, pediu literalmente a morte de Vallejo em sua conta de Twitter. “Se mata a la perra y se acaba la leva” escreveu a funcionária em sua conta @Tati_Acuna”.(1)

Até agora a informação da imprensa dos últimos dias, que mostra a gravidade da situação chilena, onde a direita perde o sorriso falso do presidente Sebastian Piñera, cujo período de governo se transforma crescentemente em uma imagem muito semelhante ao obscurantismo de Pinochet.

Por sua vez, o senador Carlos Larrain, presidente de Renovação Nacional (direita), disse que o movimento pela educação é de “subversivos inúteis”. Ele usou esta categoria, inclusive para definir alguns parlamentares do atual Congresso.

“A qualificação de seres humanos de ‘subversivos inúteis’ abre as portas para o ataque direto e a agressão física. A lógica é clara: os inúteis não servem à sociedade, logo é melhor que não existam; já os subversivos querem terminar com a paz do país, portanto sua existência é nefasta”, afirmou na Rádio Cooperativa do Chile o colunista Juan Pablo Letelier, que indignado com estas declarações reclamou: “Devemos banir a desqualificação e a desumanização de quem pensa diferente. O Chile não quer voltar a tempos obscuros e a direita deve entender que sua nostalgia por essa época [a de Pinochet] é inaceitável.”

Não se deve crer que esta radicalização dos estudantes chilenos, que não ocorre em outros países da região, seja produto apenas de fenômenos autóctones, como a educação chilena – tanto pública como privada – baseada no lucro, mas que pode estar mostrando um “cansaço” das novas gerações com o discurso e as propostas dos mais velhos.

Este cansaço, no caso chileno, não é apenas com as heranças da política de Pinochet, mas também com os governos moderados e progressistas do Concertación.

Tudo indica que estamos em um momento em que a América Latina necessita de um encontro das forças progressistas com as desanimadas gerações juvenis, para que o processo de transformações se aprofunde sem fraturas no bloco social de mudança. E os estudantes são uma força imprescindível dessa mudança. Por isso, é saudável a realização de novo em Montevidéu do 16º Congresso Latino-Americano e Caribenho de Estudantes, convocado pela Organização Continental Latino-Americana e Caribenha de Estudantes (Oclae).

Bem-vindos, estudantes da América Latina e do Caribe, para ficar em volta do Chile e seus estudantes!

(1) Nota da tradução: Com esta frase, a funcionária sugere que matando a líder, a quem chamou de cachorra, as mobilizações estudantis iriam cessar. O ex-ditador Augusto Pinochet usou a mesma frase referindo-se ao presidente Salvador Allende quando lhe propôs transporte aéreo para qualquer lugar do mundo que desejasse.
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