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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

[Eleições nos EUA] Republicanos atacam Cuba e desejam morte de Fidel em debate na Flórida


Se os pré-candidatos republicanos à Presidência dos Estados Unidos divergem em muitos temas, o mesmo não se pode dizer em relação a Cuba. Ainda mais se o local do debate for o estado da Flórida, reduto da dissidência cubana. Em debate realizado na noite desta segunda-feira (23/01) em Tampa, dois dos quatro pré-candidatos que ainda seguem na disputa atacaram o governo de Raúl Castro e fizeram ameaças.

O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Newt Gingrich, afirmou que caso fosse eleito, em novembro, não permitiria “mais quatro anos de ditadura” em Cuba. Apesar de descartar o uso de tropas militares norte-americanas no país, o pré-candidato defendeu o uso de espionagem, "como (o ex-presidente Ronald) Reagan fez com os soviéticos”.

O ex-senador Rick Santorum apoiou a proposta de Gingrich de espionagem e classificou Cuba como uma “ameaça grave” para a segurança norte-americana.

“As sanções devem continuar até que os irmãos Castro estejam mortos. Cuba, Venezuela e Nicarágua têm redes crescentes de gente que trabalha com jihadistas e iranianos, e estão dispostos a construir plataformas militares a 150 quilômetros da nossa costa”, acusou.

Entre os pré-candidatos, o ex-governador de Massachussets, Mitt Romney, foi mais ameno em suas críticas ao país. O republicano afirmou os EUA irão se manter “ao lado daqueles cubanos que querem liberdade”.

Romney ainda criticou as ações do atual presidente norte-americano, Barack Obama, que em seu governo tomou medidas que amenizaram a relação entre Washington e Havana. As mudanças incluem a possibilidade de viajar ao país caribenho para visitar familiares, além da permissão para o envio de remessas de dinheiro aos cubanos da ilha.

O único dos pré-candidatos que não fez críticas a Cuba foi o congressista Ron Paul. Segundo ele, os EUA precisam abandonar “a estratégia de não falar com as pessoas. A Guerra Fria acabou."

Houve tempo ainda para que Romney respondesse o que faria caso recebesse uma ligação anunciando a morte do ex-presidente cubano Fidel Castro. “Agradeceria ao céu a devolução do ex-líder cubano ao seu criador”. Gingrich, entretanto, retrucou que Fidel não deverá “conhecer seu criador”, já que “irá para outro lugar”, claramente se referindo ao inferno.

Primárias

A política dos EUA em relação ao Cuba foi tema do debate por conta da grande comunidade de cubanos que vive na Flórida. O estado deverá receber no próximo dia 31 as próximas primárias do Partido Republicano.

As três primeiras disputas entre os pré-candidatos republicanos realizadas até agora mostraram equilíbrio. Santorum foi o vencedor em Iowa, Romney ficou à frente em New Hampshire e Gingrich venceu a prévia da Carolina do Sul, realizada no último sábado (21).
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Com Opera Mundi

PM ataca moradores em alojamento cedido pela própria prefeitura

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Secretário da Presidência baleado no Pinheirinho critica governo de SP

O secretário nacional de articulação social da Secretaria-Geral da Presidência, Paulo Maldos, criticou nesta segunda-feira a ação da Polícia Militar durante a retirada de moradores no bairro Pinheirinho, em São José dos Campos (SP). Maldos acompanhou pessoalmente a reintegração de posse e foi baleado com munição de borracha. Segundo o secretário, não houve pedido formal de desculpas do governo de São Paulo pelo ocorrido.

Ele disse que tentou se identificar para policiais com cartão da Presidência da República, mas foi recebido com armas apontadas. "Eu afirmo aqui, com toda a sinceridade, que não houve nenhum tipo de provocação por parte daquelas pessoas", assegurou o secretário, que conversava com moradores no início dos disparos da polícia.

"Pelas costas, eu recebi tiros dados pela tropa de choque, que foram atingidos na perna, uma coisa bastante dolorida", relatou Maldos, que afirmou que em anos de militância, inclusive durante a ditadura militar, nunca tinha sofrido uma agressão dessa natureza.

O secretário disse ainda que não houve qualquer comunicação formal com o governo do estado de São Paulo. Para ele, há um risco institucional no episódio. "Isso fere a nação brasileira, nossas relações amistosas, nossas parcerias federativas", avaliou Maldos, que se diz "indignado" com o acontecido não só do ponto de vista pessoal. "Houve uma agressão ao pacto federativo", acrescentou.

O secretário Paulo Maldos tinha sido destacado pela Presidência para acompanhar in loco a situação. Também tinham tarefas no acompanhamento da desocupação de Pinheirinhos o secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, Rogério Sotilli, que dialogaria com o prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury (PSDB), e com a secretária Inês Magalhães, do ministério das Cidades, que conversaria com o governo do Estado de São Paulo para buscar soluções de moradia.

Entenda o caso

Uma ação policial de reintegração realizada neste domingo gerou um violento confronto entre moradores e a polícia. A área é ocupada pelos invasores desde 2004 e, de acordo com um cadastramento do município de agosto de 2010, cerca de 1,6 mil famílias moram no local. O acampamento foi erguido sobre uma área que, segundo a prefeitura, pertence à massa falida da empresa Selecta, do grupo do empresário Naji Nahas.

Organizados em uma "tropa de choque", os moradores tentaram impedir o cumprimento de uma reintegração de posse. Ao menos uma pessoa ficou ferida com gravidade e foi encaminhada ao hospital municipal.

Diogo Alcântara
 
No Terra
Vi no Com Texto Livre





Pastor afirma que pecadores são a causa da falta de chuva em cidades

Engel diz que pedir
perdão faz chover
O pastor Joel Engel (foto), de Porto Alegre (RS), disse que pecados da população ocasionam o problema da falta de chuva em algumas cidades.

Ele escreveu ter constatado que nas cidades onde “o povo de Deus entrou em oração, assumindo e confessado e intercedendo pelos pecadores, Deus respondeu com chuva”.


É por isso que, segundo ele, por vezes chove em uma cidade e na sua vizinha não cai “sequer um pingo" de água, cumprindo-se “o que está escrito na Bíblia”.


Engel se referiu a Amós 4:7: “Além disso, retive de vós a chuva, três meses ainda antes da ceifa; e fiz chover sobre uma cidade e sobre a outra, cidade não fiz chover; sobre um campo choveu, mas o outro, sobre o qual não choveu, se secou”.


Em um texto publicado em um site evangélico, contou que, no dia 24 de dezembro de 2011, resolveu com orações a escassez de chuva de Santa Maria, cidade de 260 mil habitantes do Rio Grande do Sul. Disse que, ali, havia injustiça do abandono de índios. “Pedimos perdão, lavamos os pés das crianças índias em um ato de humildade diante de Deus e ofertamos, e assim Deus enviou chuva no Natal.”


Engel tem se apresentado como “profeta da chuva”.

 
Com informação da íntegra do texto do pastor.

domingo, 22 de janeiro de 2012

África, um continente sem história?

Não há região do mundo mais vítima da naturalização da miséria do que a África. Na concepção eurocêntrica, bastaria cruzar o Mediterraneo para se ir da “civilização” à “barbárie”. Como se a África não tivesse história, como se seus problemas fossem naturais e não tivessem sido resultado do colonialismo, da escravidão e do neocolonialismo.

Continente mais pobre, mais marcado por conflitos que aparecem como conflitos étnicos, região que mais exporta mão de obra – a África tem todas as características para sofrer a pecha de continente marcado pelo destino para a miséria, o sofrimento, o abandono.

Depois de séculos de despojo colonial e de escravidão, os países africanos acederam à independência política na metade do século passado, no bojo da decadência definitiva das potências coloniais europeias. Alguns países conseguiram gerar lideranças políticas nacionais, construir Estados com projetos próprios, estabelecer certos níveis de desenvolvimento econômico, no marco do mundo bipolar do segundo pós-guerra.

Mas essas circunstâncias terminaram e o neocolonialismo voltou a se abater sobre o continente africano, vítima de novo da pilhagem das potências capitalistas. A globalização neoliberal voltou a reduzir o continente ao que tinha sido secularmente: fornecedor de matérias primas para as potências centrais, com a única novidade que agora a China também participa desse processo.

Mas o continente, que nunca foi ressarcido pelo colonialismo e pela escravidão, paga o preço desses fenômenos e essa é a raiz essencial dos seus problemas. Mesmo enfrentamentos sangrentos, atribuídos a conflitos étnicos, como entre os tutsis e os hutus, se revelaram na verdade expressão dos conflitos de multinacionais francesas e belgas, com envolvimento dos próprios governos desses países.


Hoje a África está reduzida a isso no marco do capitalismo global. Salvo alguns países como a Africa do Sul, por seu desenvolvimento industrial diferenciado e alguns países que possuem matérias primas ou recursos energéticos estratégicos, tem um papel secundário e complementar, sem nenhuma capacidade de assumir estratégias próprias de desenvolvimento e de superação dos seus problemas sociais.

A globalização neoliberal acentuou a concentração de poder e de renda no centro em detrimento da periferia. Os países emergentes – em particulares latino-americano e alguns asiáticos – conseguiram romper essa tendência, mas não os africanos, porque não conseguiram eleger governos que rompessem com a lógica neoliberal predominante.


O novo ciclo da crise capitalista e a primavera no mundo árabe podem trazer novidades que permitam a países africanos somar-se aos governos progressistas da América Latina.

Sugestões de leitura

- Globalização, dependência e neoliberalismo na América Latina
Carlos Eduardo Martins - Boitempo Editorial

- Teoria critica dos direitos humanos - Carol Proner e Oscar Correas (organizadores) - Editora Fórum

- Governança global - André Rego Viana, Pedro Silva Barros e André Bojikian Calixtre (organizadores) - IPEA
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Vi no blog do Emir Sader

Prefeito do PSDB se recusou a inscrever o Pinheirinho no programa de moradia do governo federal. Eduardo Cury fez valer os interesses do proprietário Naji Nahas


por Paulo Jonas de Lima Piva

Quem disse que não existe na prática diferença entre direita e esquerda? Eduardo Cury, do PSDB, prefeito de São José dos Campos, recusou-se a inscrever a ocupação do Pinheirinho no "Programa Cidade Legal", programa habitacional do governo Dilma. Se o fizesse, a ocupação poderia se regularizar e, posteriormente, se transformar num conjunto habitacional. Mas o prefeito tucano optou por ficar do lado da empresa falida do especulador Naji Nahas, a proprietária do local e, ao que tudo indica, patrocinadora das campanhas do grupo político de Eduardo Cury em São José dos Campos. 
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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Brasil Nunca Mais

O lugar do Estado para a direita e a esquerda

O esgotamento de um modelo estatista na esquerda, junto à hegemonia neoliberal relegaram o Estado a um lugar marginal nas interpretações teóricas e nas concepções políticas predominantes durante algum tempo. A “sociedade civil” no marco dos movimentos populares, o mercado, na direita, passaram a ocupar seu lugar, como se o Estado tivesse se tornado intranscendente.

Para a direita, o Estado atrapalharia a livre circulação de capital e, segundo ela, com isso, a expansão da economia. O Estado frearia a livre circulação de capitais com suas regulações, seus impostos, a proteção aos mercados internos, a propriedade estatal de empresas estratégicas.

Para alguns movimentos sociais e para s ONGS, o Estado expropriaria a possibilidade das pessoas de fazerem politica, estatizando-a. Ele teria um potencial inerentemente antidemocrático.

Embora situados em lugares distintos do campo político, ambos queriam menos Estado. Mais mercado, para a direita. Mais “sociedade civil” para alguns movimentos sociais e para as ONGs.

A direita quer financiamentos, subsídios, perdão de dívidas, isenção de impostos e repressão do Estado contra mobilizações popuares. Quer concessão de meios de comunicação e de exploração de recursos naturais. A direita é coerente, quer Estado mínimo para os pobres e o mesmo Estado patrimonialista de sempre para eles.

Os setores de esquerda que não querem Estado são incoerentes. Ou não querem construir o “o outro mundo possível” e ficar sempre na resistência, ou não dizem como se garantiriam direitos, sem o Estado, como se regulamentaria a circulação do capital financeiro, sem o Estado, como se resistiria às privatizações, sem o Estado, como se democratizaria a formação da opinião pública, sem o Estado.

Ao se opor a qualquer tipo de Estado, alguns movimentos sociais e as ONGs se somam às forças neoliberais. Do que se trata é de fazer o que países latino-americanos estão fazendo: se valer do Estado para promover processos de integração regional, para desenvolver políticas de distribuição de renda, para promover o desenvolvimento entre tantas outras políticas antineoliberais. E refundar o Estado, como fazem alguns desses países.

Alguns governos consideram que podem levar a cabo políticas de superação do neoliberalismo com o Estado existente, fazendo pequenas adequações ao aparato herdado, para fazê-lo funcionar de maneira mais eficiente. Assumem um critério de eficiência, como se o Estado fosse simplesmente uma máquina para colocar em pratica a projetos. Não se dão conta da natureza de Estados constituídos e reproduzidos para representar interesses das elites minoritárias que tradicionalmente se valeram dele. Não se dão conta do caráter burocrático do Estado, de sua impermeabilidade ao controle social, ao controle democrático externo.

O Estado é a representação política da sociedade, é através dele que as pessoas se assumem como cidadãos. É através dele que a sociedade se constitui como sociedade política, que os cidadãos se relacionam entre si. Suas políticas são as formas pelas quais se constitui o poder e a relação entre a cidadania.

Sua política tributária, por exemplo, expressa quem financia quem na sociedade: quem paga os impostos e a quem o Estado transfere esses recursos. Por tanto suas ações sempre tem um caráter de classe, promovendo os interesses de setores sociais contra os de outros, distribuindo ou concentrando renda. Seu agir é sempre político, expressa e fomenta relações de poder entre as classes sociais. A leitura da sua natureza e do seu agir permite entender o tipo de sociedade sobre a qual ele se assenta. 
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Vi no blog do Emir Sader

A escravidão brasileira em fotos reais inéditas

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O Vaticano e a acumulação da riqueza (2)

«A Doutrina Social da Igreja sustentou sempre que a distribuição equitativa dos bens é prioritária. O lucro é legítimo na justa medida em que for necessário ao desenvolvimento económico. O Capitalismo não é o único modelo válido de organização económica» (João Paulo II, «Centesimus Annus»).
 

«Sou culpado por ter silenciado covardemente no tempo em que deveria ter falado. Sou culpado de hipocrisia e de infidelidade perante a força. Falhei na compaixão tendo negado os mais humildes dos nossos irmãos ...» (Dietrich Bonhoeffer, pastor luterano, depois enforcado com cordas de piano pelos nazis, 1945).

«Toda a História, desde a dissolução da antiquíssima posse comum do solo, tem sido uma história de lutas de classes; lutas entre classes exploradas e exploradoras, dominadas e dominantes, em diversos estádios de desenvolvimento social. Esta luta, porém, atingiu agora um nível em que a classe explorada e oprimida (o proletariado) já não se pode libertar da classe exploradora e opressora (a burguesia) sem simultaneamente libertar para sempre toda a sociedade da exploração, da opressão e das próprias lutas de classes» (Friederich Engels, «Manifesto», 1833).


Jorge Messias, no Avante!

A «camisa de onze varas» em que o capitalismo se meteu é a mesma que imobiliza o Vaticano. O neocapitalismo gerou dinheiro mas destruiu o produto e desmantelou o aparelho social. A Igreja enriqueceu desmedidamente mas apagou a sua identidade, aquela que motivava o seu clero e unia o seu rebanho. Trocou valores como a fé ou o mito por metal bem sonante. Hoje, olha-se para ela e bem pode dizer-se: «o rei vai nu».
Chovem as provas do seu apetite voraz.

A rede de bancos e off-shores que o Vaticano domina, os escândalos que o enlameiam, as ligações que a solidariedade oculta, as contas públicas que se nega a prestar, o seu envolvimento em negócios escuros, etc., etc. O pouco que se sabe deixa calcular o muito que continua oculto.

A matéria daria para um tratado. Só de passagem, recordemos apenas casos falados recentemente: o novo escândalo do IOR – Instituto das Obras Religiosas com monumentais lavagens de dinheiro que a polícia italiana continua a investigar; os crimes de abuso sexual de menores detectados um pouco por toda a parte e que envolvem exclusivamente padres e seminaristas católicos; a descoberta que se fez de que a segunda maior editora alemã de livros pornográficos – a PORNO – afinal, pertence ao Vaticano; só em 2010, o negócio rendeu mais de 1,6 biliões de euros! As ligações de IPSS com os mercados. Etc., etc.

Nada disto causa espanto no mundo dos monopólios capitalistas. Todos eles também guardam na gaveta crimes semelhantes ou mais tenebrosos. Porém, em relação à Igreja, a santidade representava o seu capital social. E este está definitivamente perdido.

Portanto, no plano ideológico a Igreja vai-se apagando. O mesmo não acontece nas áreas política e financeira onde o Vaticano se encontra solidamente instalado e em ascensão. Combina expedientes e formas de pressão à sua vontade, sobretudo nos estados onde mantém concordatas. Mas de outros modos também.

Menciona-se, a propósito destas técnicas de expansão, um dos trunfos ocultos do papado, citado como o Crown ou «Coroa do Vaticano». Trata-se de uma estrutura subterrânea constituída pelos representantes das doze mais ricas famílias do mundo – os Rotschild, Astor, Bundy, Collins, Du Pont, Freeman, Kennedy, Li, Onassis, Rockefeller, Russel e Van Duyn. Junte-se a este monumental bloco o secreto «Óbolo de S.Pedro», saco sem fundo que só o papa conhece e gere, e teremos uma vaga ideia do poder do Vaticano nas políticas mundiais e na distribuição desigual da riqueza. Outras 300 famílias multimilionárias mantêm-se na sombra do papa, sempre disponíveis para qualquer intervenção. É o corpo dos «iluminados» (os «illuminati») força à qual em breve nos voltaremos a referir.

Não espanta, por isso, que o capitalismo actual se cruze constantemente com os interesses da Igreja. Todo o mundo bolsista e milionário; político e argentário; eclesiástico e especulador, está mobilizado para a destruição do Estado social e das estruturas democráticas e para a recolha de todo o dinheiro deixado sem dono pela acção governativa. Destruir as conquistas históricas dos cidadãos e amoldar os homens aos interesses do grande capital são os seus verdadeiros objectivos.

Só os conseguirão alcançar se virarmos a cara à luta.
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BBB e a sociedade imagética da mídia

Por Dennis de Oliveira, na revista Fórum:

Régis Debray escreveu tempos atrás que vivemos sob uma sociedade da imagem e cujo poder se legitima pela sedução. Em termos comparativos, ele afirma que o antecessor da sociedade da imagem era a da escrita com o poder sendo exercido pela autoridade do conhecimento e, antes disto ainda, a sociedade da oralidade e o poder da fala. Uma sociedade da sedução coloca para os indivíduos a valorização do exibicionismo – a sua validade é diretamente proporcional à imagem que constrói.


Acrescento ainda a isto o fato desta sociedade da imagem acontecer em um momento da “desregulamentação” e individualização extremada da sociedade, em que todas as responsabilidades de sucesso ou fracasso cabem ao indivíduo. Vencer a qualquer custo é o imperativo do momento que vivemos, e vencer significa ter capacidade de sedução nesta sociedade imagética. Por isto que a autoridade foi substituída pela celebridade midiática, célebre por tautologia – é famosa por ter espaço na mídia e ponto final.

Esta é a base destes programas de reality shows que povoam a programação da mídia. Temos aquela coisa horrorosa e mimética do mundo corporativo do “Aprendiz” em que jovens são submetidos ao tacão moralista e civilizatório de uma imagem caricata de empresário (feito antes por Justus e agora por Dória). E o mais famoso deles, o Big Brother Brasil, da empresa Endemol e transmitido por estas paragens pela Globo.


Reality show – tradução literal: mostrar a realidade! Mas que realidade? Aquela construída sob os parâmetros dos aparatos tecnológicos e estéticos da televisão. Motrar a realidade não seria tarefa do jornalismo? Mas a realidade que se quer mostrar é aquela enquadrada nos dispositivos ideológicos do momento de uma sociedade imagética, sedutora e que coloca aos indivíduos a busca do sucesso via a sua capacidade de sedução – isto é, o exibicionismo puro e simples.


Floresce, assim, uma das últimas fronteiras de expansão do capital, a indústria da imagem, esta mesma que sustenta toda a indústria do entretenimento (artes, esportes, lazer, eventos) e penetra em outros campos, como na política. Atletas, artistas, cidades, bairros (Cracolândia não, Nova Luz por favor!), produtos, candidatos a cargos públicos são avaliados com base nos seus potenciais imagéticos. Para tanto, contam com um aparato de “especialistas” (consultores, assessores, designers) para cuidar da construção destes simulacros.


E as pessoas comuns que não contam com isto? São jogadas em uma selva onde vale a lei de quem pode mais chora menos. Os seus fracassos são resultados da sua própria incompetência. O cartaz da imagem demonstra isto: “Não seja estuprada” ao invés de “Não estupre”. Aquela idéia de que é a mulher que deve “se preservar”, de “se respeitar”. A culpa é da vítima. Assim como os afrodescendentes – esforcem-se para poder entrar na universidade e não fiquem esperando “favores como as cotas”! De repente as hierarquias raciais e de gênero deixam de existir para entrarmos em um mundo de competências premiadas e incompetências punidas.


Os programas de reality shows consolidam isto – são “gincanas” públicas em que tais pessoas têm sua capacidade testada de sobreviver nestas regras. A polêmica do caso Daniel e Monique é a cereja do bolo desta lógica. Posso tudo, inclusive usar da força de macho para usufruir de uma mulher, deve ter pensado ele. Qualquer problema, o álcool é o álibi. E, de repente, isto pode alavancar uma audiência no programa.


O pay-per-view do BBB vende muito pois se baseia na lógica perversa presente no subconsciente de muitos de poder espiar alguma cena picante (que pode ser simplesmente alguém ficando nu). Qual é o prazer de ficar espiando um bando de pessoas dentro de uma casa? E ainda pagar (!!!) por isto?


“O amor é lindo” foi a primeira reação da emissora, achando que a repercussão do caso iria dar um “up” na audiência do programa que anda em baixa. Mas o feitiço virou contra o feiticeiro. Neste mundo imagético e de lei da selva há ainda os que se indignam. Aqueles que ainda dizem “assim não dá!”. Aqueles que acreditam que a sociedade deve se seguir não pela regra do “vença a qualquer custo”, mas sim de que “vamos construir juntos uma vida digna para todos”.
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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Entenda o que é o Partido da Imprensa Golpista (PIG)

Este vídeo foi produzido com trechos de editoriais de jornais brasileiros logo após o golpe militar de 1º de abril de 1964. Baseado na postagem de Cristiano Freitas Cezar no blog Crítica Midiática: 

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Na década de 60 não existia esse apelido – PIG(Partido da Imprensa Golpista) – contudo ele já existia de fato e teve participação decisiva no Golpe Civil/Militar que nos “presenteou” com uma ditadura por mais de 20 anos.
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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

As relações promíscuas entre o Banco Santander, Opus Dei e o Vaticano

Agrotóxicos: Estados Unidos ameaçam devolver suco da Cutrale. Você quer?

O governo dos Estados Unidos ameaçou suspender a importação de suco de laranja produzido por grandes empresas no Brasil, no final de dezembro, depois de estudos diagnosticarem na bebida o fungicida Derosal (carbendazim) em uma carga comercializada na Flórida.

As grandes indústrias do setor são a Cutrale, Citrosuco, Citrovita (controlada pelo grupo Votorantim) e Louis Dreyfus. A ameaça de suspensão do comércio fez com que os contratos futuros do suco de laranja concentrado e congelado disparassem na Bolsa de Nova York.

A Cutrale, sozinha, responde por 80% da produção mundial de suco de laranja concentrado (superior a um milhão de toneladas por ano) e exporta 97% da produção. Além disso, possui sete fábricas e exporta US$ 676,255 milhões.

A utilização desse agrotóxico na produção de laranjas é proibida nos Estados Unidos, mas é usado em grande escala no Brasil. Os Estados Unidos compram 15% de todo o suco brasileiro, maior produtor mundial da bebida, ou cerca de U$ 300 milhões dos US$ 2 bilhões vendidos no exterior pelo País.

Em 2009, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) cassou a autorização para o uso desse defensivo em citros. Mesmo assim, a indústria brasileira exportava para lá a bebida com esse agrotóxico.

O presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), comandada pelo Christian Lohbauer, admitiu que os Estados Unidos podem vetar a entrada de suco de laranja do Brasil.
O presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), Flávio Viegas, afirmou que a indústria de suco de laranja foi "irresponsável" ao não informar os produtores sobre a proibição. "Se essa proibição ocorre desde 2009, é muita irresponsabilidade não haver um alerta ao produtor para que uma solução fosse discutida", disse.

Denúncia

Em agosto de 2011, 400 integrantes do MST ocuparam a Fazenda Santo Henrique, de 2,6 mil hectares, no município de Iaras, na região de Bauru.

Na época, o movimento apresentou ao Tribunal de Justiça Federal de São Paulo, ao Ministério Público Estadual e à Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) denúncia de que "a Cutrale usa em larga escala, sem o devido controle, toda espécie de venenos, pesticidas e agrotóxicos, causando poluição das águas, rios, e especialmente poluindo o lençol freático que abastece o Aqüífero Guarani" (veja aqui).

A ocupação realizada no município de Iaras reivindicou a arrecadação da área para fins de Reforma Agrária e denuncia a indevida e criminosa utilização da área pela empresa Cutrale. A área utilizada pela Cutrale tem origem pública e, de acordo com a lei, deve ser destinada à Reforma Agrária.



Vi no site do MST
(com informações da Agência Estado e da Revista IstoÉ Dinheiro)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Por que os grandes não cuidam dos pequenos?

Estudos recentes tem mostrado que, junto com a crise econômico-financeira ocorrida a partir de 2008, está se consolidando uma rede de poder corporativo mundial feito por um pequeno grupo de megacorporações multilaterais que controlam grande parte de todo o processo econômico-financeiro globalizado e que, em parte, estão na raiz da atual crise nos países centrais. 

Notoriamente estão ocorrendo mais e mais fusões de empresas a ponto de no final restar pouco mais de uma centena. São espantosamente poderosas que, articuladas entre si, controlam grande parte do poder econômico, politico e cultural do mundo. 

Estas megacorporações, engenhosamente, descobriram que, em vez de guerrearem entre si numa tresloucada concorrência é mais vantajoso para elas trabalharem juntas e assim assegurarem mais poder global. Acabaram formando um pequeno núcleo de poder, pouco conhecido, mas que está sendo mais e mais desvendado por investigações sérias de grandes centros de análise da macroeconomia. Só para citar uma dessas, a do Instituto Federal Suíço de Pesquisa Tecnológica que rivaliza em seriedade ao MIT de Harvard. Publicou recentemente um estudo rigoroso, bem resumido e comentado pelo economista da PUC de São Paulo Ladislau Dowbor (http://dowbor.org/wp). Deste núcleo de poder depende a maioria das outras empresas ou estão simplesmente subordinadas a ele, influenciando as decisões económicas e políticas dos Estados.

Ultracapitalista que é, este núclero só pensa em si mesmo e nas vantagens para seus acionistas, desconsiderando a degradação da natureza, o aquecimento global já praticamente irrefreável, o aumento escandaloso do fosso entre ricos e pobres e o crescimento ameaçador do número de famintos em todo o mundo, inclusive nos países centrais.

Quem pensa hoje, de forma estratégica e séria, na sorte dos pequenos e dos sem poder, que formam a grande maioria sofredora da humanidade? Até as Igrejas preferem voltar-se para dentro, reforçar sua estrutura religiosa de poder, ao invés de, fiéis ao legado de Jesus, escutarem o grito lancinante que se dirige ao céu em busca de pão, água e trabalho e assumir uma atitude profética de denúncia e anúncio de uma outra ordem necessária.

É neste contexto que me veio à mente um dos mais belos mitos dos indios Maué, da área cultural do Tapajós-Madeira. Ele nos faz refletir muito e seriamente. 

Reza o mito: Quando o mundo foi criado não existia a noite. Havia só o dia e a luz penetrava em todos os espaços. Esta luz só não chegava nas águas profundas do rio. Os Maué, por mais que quisessem, não conseguiam dormir. Viviam cansados e com os olhos irritados pelo excesso de luz.

Certo dia, um deles encheu-se de coragem e foi falar com a Cobra Grande, a sucuriju, toda escura, considerada a senhora absoluta da noite. Era ela que mantinha a noite presa no fundo mais fundo das águas.
A Cobra Grande ouviu as lamentações do índio. E vendo a pele dele, amorenada pelo sol escaldante e os olhos avermelhados pelo excesso de luz, teve pena dele. Relutando muito, porque sabia dos riscos, propôs um pacto: 

“Eu sou grande e forte. Sei me defender. Não preciso de ninguém. Mas muitos dos meus parentes são pequenos e indefesos. Ninguém cuida deles. Especialmente vocês andam por ai sem olhar onde pisam e assim os matam sem piedade. Como eles vão se defender? Então, eu lhe proponho a seguinte troca: você me arranja veneno e eu cuidarei de distribui-lo entre os meus parentes pequenos indefesos. Os grandes não precisam dele porque podem se defender sozinhos. Assim você, Maué e sua comunidade, quando caminharem por aí, olhem bem onde vão meter os pés para não pisar nos bichinhos pequenos. Agora eles terão como se defender. Em troca lhe darei um coco cheio de noite”.

O Maué aceitou proposta. Correu para o mato e logo estava de volta com o veneno para a Cobra Grande. E ela imediatamente o distribuiu entre os parentes pequenos e vulneráveis. Em troca entregou ao índio Maué um coco, cheio de noite. No momento da troca, ela ainda recomendou: “De jeito nenhum abra o coco fora da maloca”. 

O índio prometeu manter o pacto. Mas os demais membros da comunidade ficaram loucos de curiosidade. Queriam conhecer naquele momento mesmo a tão ansiada noite. Juntaram-se em roda e no meio do roçado abriram o misterioso coco. E foi então que sobreveio a desgraça: trevas cobriram o mundo. Não se via mais nada. E uma angústia imprevista e terrível invadiu o ânimo dos Maué.

Houve uma correria geral. Ninguém pensou nos bichinhos pequenos que já haviam recebido veneno da Cobra Grande. Os primeiros a receber foram as aranhas, as cobras pequenas e os escorpiões. Todos esses se defenderam das pisadas dos índios mordendo-lhes os pés e as pernas. Foi aquela calamidade.
Os poucos que sobreviveram às mordidas venenosas, sabem agora como devem se comportar. E a partir de então todos começaram a tomar cuidado com os bichinhos pequenos para não pisar neles e não serem mordidos, convivendo pacificamente e no maior respeito ao seu tamanho.

Esse é o mito. Agora perguntamos: por que será que nossos grandes, as megacorporações de poder, não tiram algumas pequeníssimas porcentagens de seus trilhões de dólares em capitais especulativos (a taxa Tobin que oscila entre 0,05 a 0,2%) que seriam suficientes para cuidar de todos os famintos e sedentos da Terra? Não estariam eles mais felizes e seguros? Mas como são extremamente individualistas, sequer pensam nisso.
E se um dia, os empobrecidos e injustiçados do mundo despertarem e se rebelarem como no norte da África e ocuparem as principais praças como na Europa e nos EUA reclamando trabalho, direitos, dignidade e chance de participar nos destinos do próprio pais? E se eles abrirem o coco misterioso que carregam e começarem a fazer demonstrações diante das sedes dos monstros entre os quais estão instituições financeiras como o Berclays Bank, JPMorgan Chase&Co, Goldman Sachs e semelhantes? Que acontecerá com esses ricos epulões face aos milhares e milhares de pobres lázaros indignados?

São questões a serem refletidas agora antes que seja tarde demais.

Leonardo Boff é autor de O Casamento entre o céu e a Terra. Contos dos povos indígenas do Brasil, Moderna 2001.
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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

É a Constituição que deve ser lida nas escolas, e não a Bíblia, diz professor

por Rogério Santos.
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Araguaína mantêm lei que obriga leitura da Bíblia em escolas

A Bíblia é uma coletânea de textos certamente importante para definir a nossa cultura de forte influência judaico-cristã. Estabelecer a obrigatoriedade de leitura dos textos bíblicos nas escolas, no entanto, pode ser considerado errado por diversos motivos. 
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Primeiramente é ilegal, uma vez vai de encontro à Constituição que estabelece o Estado brasileiro como laico através do artigo 19, I. Esse artigo diz: “É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público.” (grifos meus).

Isso significa que práticas religiosas são um direito do cidadão, mas jamais devem ser estabelecidas pelo Estado como um dever. Ao obrigar professores a ler versículos bíblicos para os alunos, o poder público comporta-se como se houvesse religião oficial no país, o que não é verdade. Caso a lei passe a vigorar, o Estado passa a obrigar um funcionário público a participar de um rito religioso que não necessariamente é compatível com suas crenças pessoais, ferindo o princípio de liberdade religiosa.


Além dessa questão legal, é uma falta de sensibilidade com pessoas de seguimentos religiosos discordantes do cristianismo. Ainda que a maioria da população seja cristã, não há justificativa para o poder público impor esse constrangimento a pais, alunos e professores que não sigam o cristianismo, já que a democracia não deve significar um domínio da maioria às custas do sofrimento de uma minoria mal representada.

Creio que os cristãos estão familiarizados com a chamada regra de ouro que estabelece que "não se faça ao outro aquilo que não gostaria que fosse feito a si". Essa regra, que inclusive é representada nos evangelhos de Mateus (7: 12) e de Lucas (6: 31), deveria convidar os autores do projeto de lei e cristãos em geral a imaginar se gostariam que seus filhos fossem a escolas que os obrigassem a ouvir leituras do Corão, do livro dos espíritos ou do livro dos mórmons. 

Estariam os autores do projeto confortáveis em ser obrigados a ler esses livros diariamente em público caso fossem eles professores? É preciso um pouco mais de sensibilidade em relação às minorias para que estas não tenham seus direitos atropelados por uma maioria cega e egoísta. Ninguém gostaria de viver em um país assim.

Outro motivo é em relação à adequação do material literário aos objetivos da educação. O texto bíblico é bastante inadequado às crianças por estas não terem suas capacidades de avaliação crítica plenamente desenvolvidas. As tendências infantis ao literalismo e à credulidade tornam as crianças especialmente vulneráveis a um conteúdo que elas não estão preparadas para elaborar.

Embora a Bíblia possua ensinamentos interessantes a respeito do amor ao próximo, esses ensinamentos encontram-se afogados em descrições de Deus ordenando assassinatos seguidos de estupros (Juízes 21:10-24; Números 31:07-18; Deuteronômio 20:10-14), forçando vítimas de estupro a casarem com seus agressores (Deuteronômio 22:28-29), estabelecendo regras para vender sua filha como escrava (Êxodo 21:07-11), apoiando e estimulando a escravidão (Levítico 25:44-46) inclusive escravidão sexual (o já citado Êxodo 21:07-11) e estabelecendo pena de morte para vários "crimes", inclusive tocar o monte Sinai (Êxodo 19:12), ter um boi que matou uma pessoa (Êxodo 21:29), fazer sexo menstruada (Levítico 20:18), ser profeta de outro deus (Deuteronômio 18:20), levantar falso testemunho (Deuteronômio 19:19), ser adúltero (Levítico 20:10), não gritar quando se é estuprada! (Deuteronômio 22:24), desobedecer os pais (Deuteronômio 21:20) e blasfemar (Levítico 24:16). Uma criança diante da aceitação de Deus a tais práticas completamente absurdas e anacrônicas pode se encontrar confusa em questões morais.

Em termos de adequação, seria muito mais interessante a leitura da Constituição brasileira ou da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Materiais à autoridade dos quais estamos todos submetidos.

Por fim, não acho que os proponentes da lei agiram de má fé ou que intencionalmente queriam oprimir as minorias. Provavelmente seguiram um viés de pensar que, por estarem cercados de cristãos, a lei seria uma ideia interessante para todos. 


É importante, no entanto, que os representantes do poder legislativo respeitem a Constituição, cumprindo sua função com a atenção focada em todos e em cada um e não apenas na maioria dos eleitores.

Rogério Santos é professor de psicologia da Universidade Federal do Tocantins. Esse texto foi publicado originalmente no Araguaína Notícias.
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Chico Xavier - Homossexualismo


Santiago rasga elogios a RC, responde a Jeová e fala de apoio a candidatos do Sertão

O ex-senador Wilson Santiago (PMDB), declarou nesta segunda-feira (09), apoio aos pré-candidatos a prefeitos em várias regiões da Paraíba, além de comentar acerca do seu nome como pré-candidato a prefeito da capital do Estado.

Segundo Santiago, o nome que vai disputar a prefeitura de João Pessoa pelas oposições vai ser definido antes do Carnaval, que ocorre na terceira semana de fevereiro. “O nosso nome foi lembrado porque eu fui o mais votado na capital, com maioria de mais de 20 mil votos contra os ex-governadores Maranhão e Cássio e do ex-senador Efraim Morais”.

Santiago declarou que só vai sair candidato a prefeito de João Pessoa, se o seu nome for de consenso do grupo. “Só entro na disputa se o meu nome for da união do grupo e de solidariedade daqueles que querem contribuir para o desenvolvimento da capital e do próprio Estado da Paraíba”.

Sertão

Em Cajazeiras, Santiago disse que Carlos Rafael (PTB), tem condições de implementar na cidade um projeto político sem radicalização. “Acredito na construção de uma união partidária mais sólida”.

São João do Rio do Peixe, ele disse que o deputado Wilson Filho foi quem escolheu o candidato que o grupo vai apoiar, que é o empresário Airton Pires (PSC).

Governador

O ex-senador avaliou o primeiro ano de Governo de Ricardo Coutinho (PSB) e fez rasgados elogios, afirmando que o socialista encontrou o Estado com muitas dificuldades financeiras, mas teve habilidade para sanear as finanças da Paraíba e projetá-la para o desenvolvimento no futuro.

Segundo o peemedebista, Ricardo cometeu alguns equívocos quando demitiu os prestadores de serviços e reduziu os salários dos funcionários, mas disse que o governador tem condições de construir um grande projeto administrativo para a Paraíba e dá um novo rumo para o seu futuro.

Resposta

Quanto ao ex-deputado Jeová Campos (PT), que critica Santiago em todas as oportunidades que está na mídia, inclusive de senador pró-tempore, ele disse que o petista é inconstante e considera a crítica natural, porque quando alguém perde uma eleição fica procurando um culpado.

“Tenho consciência que ajudei a elegê-lo nesse mandato único que ele teve na vida”. Disparou o ex-senador.
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Vi no Diário do Sertão

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Eduardo Galeano: Jovens assistem à política “como se fosse um circo”

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Em novembro de 2008, a TVE (Espanha) exibiu um documentário intitulado “A ordem criminosa do mundo”. Nele, Eduardo Galeano, Jean Ziegler e outras personalidades mundiais falam sobre a transformação da ordem capitalista mundial em um esquema mortífero e criminoso para milhões de pessoas em todo o mundo. Mais de três anos depois, o documentário permanece mais atual do que nunca, com alguns traços antecipatórios da crise que viria atingir em cheio também a Europa. Reproduzimos aqui o vídeo, legendado em português, e algumas das principais afirmações de Galeano e Ziegler:

“Os verdadeiros donos do mundo hoje são invisíveis”

“Os verdadeiros donos do mundo hoje são invisíveis. Não estão submetidos a nenhum controle social, sindical, parlamentar. São homens nas sombras que procuram o governo do mundo. Atrás dos Estados, atrás das organizações internacionais, há um governo oligárquico, de muito poucas pessoas, mas que exercem um controle social sobre a humanidade, como jamais Papa algum, Imperador ou Rei teve”. (Jean Ziegler)

“O atual sistema universal de poder converteu o mundo num manicômio e num matadouro” (Eduardo Galeano).

“A globalização é uma grande mentira”

“O capital financeiro percorre o planeta 24 horas por dia com um único objetivo: buscar o lucro máximo. A globalização é uma grande mentira. Os donos do grande capital que dirigem o mecanismo da globalização dizem: Vamos criar economias unificadas pelo mundo inteiro e assim todos poderão desfrutar de riqueza e de progresso. O que existe, na verdade, é de uma economia de arquipélagos que a globalização criou” (Jean Ziegler).

“Há três organizações muito poderosas que regulam os acontecimentos econômicos: Banco Mundial, FMI e OMC; são os bombeiros piromaníacos. Elas são, fundamentalmente, organizações mercenárias da oligarquia do capital financeiro invisível mundial” (Jean Ziegler).

“Eu não creio que se possa lutar contra a pobreza e criar uma estratégia de luta contra a pobreza sem lutar contra a riqueza, contra os ricos, pois os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres” (José Collado, Missionário em Níger).

“Todos os dias neste planeta, segundo a FAO, 100 mil pessoas morrem de fome ou por causa de suas consequências imediatas” (Jean Ziegler).

“O dicionário também foi assassinado”

“Hoje as torturas são chamadas de “procedimento legal”, a traição se chama “realismo”, o oportunismo se chama “pragmatismo”, o imperialismo se chama “globalização” e as vítimas do imperialismo, “países em vias de desenvolvimento. O dicionário também foi assassinado pela organização criminosa do mundo. As palavras já não dizem o que dizem, ou não sabemos o que dizem” (Eduardo Galeano).

“Se hoje eu digo que faz falta uma rebelião, uma revolução, um desmoronamento, uma mudança total desta ordem mortífera e absurda do mundo, simplesmente estou sendo fiel á tradição mais íntima, mais sagrada da nossa civilização ocidental. O nosso dever primordial hoje deve ser reconquistar a mentalidade simbólica e dizer que a ordem mundial, tal como está, é criminosa. Ela é frontalmente contrária aos direitos do homem e aos textos fundacionais das nossas civilizações ocidentais” (Jean Ziegler).

“Se houvesse uma só morte por fome em Paris haveria uma revolta”

“A primeira coisa que devemos fazer é olhar para a situação de frente e não considerar como normal e natural a destruição, por exemplo, de 36 milhões de pessoas por culpa da fome e da desnutrição. Se houvesse uma só morte por fome em Paris haveria uma revolta. De nenhum modo devemos permitir que as grandes organizações de comunicação nos intimidem, nem as fábricas das teorias neoliberais das grandes corporações, pois todas as corporações se ocupam, primeiro, de controlar as consciências, de controlar como podem a imprensa e o debate público” (Jean Ziegler).
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domingo, 8 de janeiro de 2012

A Opus Dei na América Latina

Opus Dei em New York 

A
Opus Dei actua também no monopólio da imprensa. Controla o jornal "El Observador", de Montevidéu, e exerce influência sobre órgãos tradicionais da oligarquia como "El Mercurio", no Chile, "La Nación", na Argentina e "O Estado de São Paulo", no Brasil.  O elo com a imprensa é o curso de pós-graduação em jornalismo da Universidade de Navarra em São Paulo, coordenado por Carlos Alberto di Franco, numerário e comentarista do "Estadão" e da Rádio Eldorado.  O segundo homem da Opus Dei na imprensa brasileira é o também numerário Guilherme Doring Cunha Pereira, herdeiro do principal grupo de comunicação do Paraná ("Gazeta do Povo").  Os jornalistas Alberto Dines e Mário Augusto Jakobskind denunciam que a organização controla também a Sociedade Interamericana de Imprensa – SIP (na sigla em espanhol).

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por Henrique Júdice Magalhães

Analisando a estrutura de classes dos países latino-americanos, Darcy Ribeiro identificava como segmento hegemónico dentro das classes dominantes o corpo de gerência das transnacionais. Ponta de lança do imperialismo, é ele quem dita ordens e impõe ideologias às demais fracções e, em muitos casos, organiza-as politicamente. A desnacionalização das economias latino-americanas na década de 90 agravou este quadro. A alteração de mais relevo no perfil da classe dominante verificada no bojo deste processo é o crescimento da influência da Opus Dei. Sustentada pelo capital espanhol, a organização controla jornais, universidades, tribunais e entidades de classe, sendo hoje peça chave para se compreender o processo político no continente, inclusive no Brasil, onde quer eleger Geraldo Alckmin presidente da República.

Procissão Católica na Espanha, berço da Opus Dei.


Mas o que é afinal, a
Opus Dei (em latim, Obra de Deus)?

Em seu campo original de actuação, é a vanguarda das tendências mais conservadoras da Igreja Católica. "Este concílio, minhas filhas, é o concílio do diabo" teria dito seu fundador, Josemaria Escrivá de Balaguer, sobre o Vaticano II, no relato do jornalista argentino Emilio J. Corbiere no seu livro "Opus Dei. El totalitarismo católico".

Fundada na Espanha em 1928, a organização foi reconhecida pelo Vaticano em 1947. Em 1982, foi declarada uma prelatura pessoal, o que, sob o Direito canónico, significa que só presta contas ao papa e que seus membros não se submetem à jurisdição dos bispos. "A relação entre Karol Wojtyla e a Opus Dei" conta o teólogo espanhol Juan José Tamayo Acosta "atinge seu êxito nos anos 80-90, com a irresistível ascensão da Obra à cúpula do Vaticano, a partir de onde interveio altivamente, primeiro no esboço e depois na colocação em prática do processo de restauração da Igreja católica sob o protagonismo do papa e a orientação teológica do cardeal alemão Ratzinger."

Fontes ligadas à Igreja Católica atribuem o poder da Obra à quitação da dívida do Banco Ambrosiano, fraudulentamente falido em 1982.

Obscurantismo e misoginia são traços que marcam a organização. Exemplos podem ser encontrados nas denúncias de ex-adeptos como Jean Lauand, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – Universidade de São Paulo (USP), que recentemente escreveu junto com mais dois ex-membros, o juiz Márcio Fernandes e o médico Dário Fortes Ferreira, o livro "Opus Dei – os bastidores". Em entrevista ao programa Biblioteca Sonora, da Rádio USP, Jean Lauand conta que a Obra tem um "Index" de livros proibidos que abrange praticamente toda a filosofia ocidental desde Descartes. Noutra entrevista, à revista Época, Jean Lauand denuncia as estratégias de fanatização dos chamados numerários, leigos celibatários que vivem em casas da organização: "Os homens podem dormir em colchões normais, as mulheres têm de dormir em tábuas. São proibidas de segurar crianças no colo e de ir a casamentos". É obrigatório o uso de cinturões com pontas de ferro fortemente atados à coxa, como prática de mortificação que visa refrear o desejo. Mas os danos infligidos pelo fanatismo não se limitam ao corpo.

No site que mantém com outros dissidentes (http://www.opuslivre.org/), Jean Lauand revela que a Obra conta com médicos especialmente encarregados de receitar psicotrópicos a numerários em crise nervosa.

A captação de numerários dá-se entre estudantes de universidades e escolas secundárias de elite. Centros de estudos e obras de caridade servem de fachada. A Opus Dei tem forte presença na USP, em especial na Faculdade de Direito, onde parte do corpo docente é composta por membros e simpatizantes, como o numerário Inácio Poveda e o director Eduardo Marchi. Outro expoente da organização na USP é Luiz Eugênio Garcez Leite, professor da Faculdade de Medicina e autor de panfletos contra a educação mista. A Obra actua também na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de Campinas (Unicamp) e Universidade de Brasília (UnB).

Fazendo a América

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Mas a Opus Dei é mais que um tema de saúde pública. Ela tem, desde a origem, uma clara dimensão política. Durante a ditadura de Franco, praticamente fundiu-se ao Estado espanhol, ao qual forneceu ministros e dirigentes de empresas e órgãos governamentais. No fim da década de 40, inicia sua expansão rumo à América Latina. Não foi difícil conquistar adeptos entre oligarquias como as da Cidade do México, Buenos Aires e Lima, que sempre buscaram diferenciar-se de seus povos apegando-se a um conceito conservador de pretensa hispanidade. Um dos elementos definidores desse conceito é exactamente o integralismo católico.

Alberto Moncada
, outro dissidente, conta em seu livro "La evolución del Opus Dei": "os jesuítas decidiram que seu papel na América Latina não deveria continuar sendo a educação dos filhos da burguesia, e então apareceu para a Opus Dei a ocasião de substituí-los – ocasião que não hesitou em aproveitar".

No Brasil, a organização deitou raízes em São Paulo no começo da década de 50, concentrando sua actuação no meio jurídico. O promotor aposentado e ex-deputado federal Hélio Bicudo conta que por duas vezes juízes tentaram cooptá-lo. Seu expoente de maior destaque foi José Geraldo Rodrigues Alckmin, nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) por Médici em 1972 e tio do actual governador de São Paulo. Acontece que, nos anos 70, o poder da Opus Dei era embrionário. Tinha quadros em posições importantes, mas sem actuação coordenada. Além disso, dividia com a Tradição, Família e Propriedade (T.F.P.) as simpatias dos católicos de extrema-direita.

Era natural, da mesma forma, que alguns quadros dos regimes nascidos dos golpes de Estado de 1966 e 1976, na Argentina, e 1973, no Uruguai, fossem também quadros da Opus Dei. Mas segundo se lê no livro de Emilio J. Corbiere , sua actuação era ainda dispersa, o que não os impediu de controlar a Educação na Argentina durante o período Onganí (1966-70).

Já no Chile, a Opus Dei foi para o pinochetismo o que havia sido para o franquismo na Espanha. O principal ideólogo do regime, Jaime Guzmá, era membro activo da organização, assim como centenas de quadros civis e militares.

No México, a Obra conseguiu fazer Miguel de la Madrid presidente da República em 1982, iniciando a reversão da rígida separação entre Estado e Igreja imposta por Benito Juárez entre 1857 e 1861.

Internacional reaccionária

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A Opus Dei não criou o reacionarismo católico, antes, teve nele sua base de cultura. Mas sistematizou-o doutrinariamente e organizou politicamente seus adeptos de uma forma quase militar. Hoje, funciona como uma espécie de Internacional reaccionária, congregando, coordenadamente, adeptos em todo o mundo.

Concorrem para isto, nos anos 90, o ápice do poder da Obra no Vaticano e a invasão da América Latina por transnacionais espanholas.

A Argentina entregou suas estatais de telefonia, petróleo, aviação e energia à Telefónica, Repsol, Iberia e Endesa, respectivamente. A Telefónica controla o sector também no Peru e em São Paulo. A Iberia já havia engolido a LAN, do Chile, onde a geração de energia também é controlada pela Endesa. Bancos espanhóis também chegaram ao continente neste processo.

No Brasil, o Santander comprou o Banespa e o Meridional, enquanto que o BBVA recebeu os activos do Excel através do Proer, no governo de Fernando Henrique Cardoso.

"A Opus Dei tem sido para o modelo neoliberal o que foram os dominicanos e franciscanos para as cruzadas e os jesuítas frente à Reforma de Lutero" compara José Steinsleger, colunista do diário mexicano "La Jornada".

A organização actua também no monopólio da imprensa. Controla o jornal "
El Observador", de Montevidéu, e exerce influência sobre órgãos tradicionais da oligarquia como "El Mercurio", no Chile, "La Nación", na Argentina e "O Estado de São Paulo", no Brasil. O elo com a imprensa é o curso de pós-graduação em jornalismo da Universidade de Navarra em São Paulo, coordenado por Carlos Alberto di Franco, numerário e comentarista do "Estadão" e da Rádio Eldorado. O segundo homem da Opus Dei na imprensa brasileira é o também numerário Guilherme Doring Cunha Pereira, herdeiro do principal grupo de comunicação do Paraná ("Gazeta do Povo"). Os jornalistas Alberto Dines e Mário Augusto Jakobskind denunciam que a organização controla também a Sociedade Interamericana de Imprensa – SIP (na sigla em espanhol).

Sedeada na Espanha, a Universidade de Navarra é a jóia da coroa da Opus Dei no negócio do ensino. Sua receita anual é de 240 milhões de euros. Além disso, a Obra controla as universidades Austral (Argentina), Montevideo (Uruguai), de Piura (Peru), de Los Andes (Chile), Pan Americana (México) e Católica André Bello (Venezuela).

Dentro da igreja católica, a Opus Dei emplacou, na última década, vários bispos e Cardeais na América Latina. O mais notável é Juan Luís Cipriani, de Lima, no Peru, amigo íntimo da ditadura de Alberto Fujimori. Em seu estudo "El totalitarismo católico em el Peru", o jornalista Herbert Mujica denuncia que quando o Movimento Revolucionário Tupac Amaru tomou a embaixada do Japão, em 1997, Juan Luís Cipriani, valendo-se da condição de mediador do conflito, instalou equipamentos de escuta que possibilitaram à polícia invadir a casa e matar os ocupantes.

Na Venezuela, a Obra teve papel essencial no fracassado golpe de 2002 contra Hugo Chávez. Um dos articuladores da tentativa foi José Rodríguez Iturbe, nomeado ministro das Relações Exteriores. Também participou da articulação à embaixada da Espanha, governada na época pelo neo-franquista Partido Popular (PP).

Após os reveses na Venezuela, as esperanças da Opus Dei voltaram-se para Joaquím Laví, no Chile, e Geraldo Alckmin, no Brasil, hoje seus quadros políticos de maior destaque. Joaquím Laví foi derrotado nas últimas eleições presidenciais chilenas em Dezembro. Resta o Brasil, onde a Obra tenta fazer de Geraldo Alckmin presidente e formar um eixo geopolítico com os governos Álvaro Uribe (Colombia) e Vicente Fox (México), aos quais está intimamente associada.

Entranhas mafiosas

Além das dimensões religiosa e política, a Opus Dei tem uma terceira face: a de sociedade secreta de cunho mafioso. Em seus estatutos secretos, redigidos em 1950 e publicados em 1986 pelo jornal italiano "L´Expresso", a Obra determina que "os membros numerários e supernumerários saibam que devem observar sempre um prudente silêncio sobre os nomes dos outros associados e que não deverão revelar nunca a ninguém que eles próprios pertencem à Opus Dei."

Inimiga jurada da Maçonaria, ela copia sua estrutura fechada o que frequentemente serve para encobrir actos criminosos.

Entre os católicos, a Opus Dei é conhecida como "Santa Máfia", Emilio J. Corbiere lembra os casos de fraude e remessa ilegal de divisas nas empresas espanholas Matesa e Rumasa, em 1969, onde parte dos activos desviados financiaram a Universidade de Navarra. Bancos espanhóis são suspeitos de lavagem de dinheiro do narcotráfico e da máfia russa. A Opus Dei também esteve envolvida nos episódios de falência fraudulenta dos bancos Comercial (Uruguai, pertencente à família Peirano, dona de "El Observador") e de Crédito Provincial (Argentina).

Na Argentina os responsáveis pelas desnacionalizações da petrolífera YPF e das Aerolineas Argentinas, compradas por empresas espanholas, em dois dos maiores escândalos de corrupção da história do país, tiveram sua impunidade assegurada pela Suprema Corte, onde pontificava António Boggiano, membro da Opus Dei.

No Brasil, as pretensões de controlo sobre o Judiciário esbarram no poder dos Maçons.

A Opus Dei controla, porém, o Tribunal de Justiça de São Paulo através da manipulação de promoções. Segundo fontes do meio jurídico paulista, de 25 a 40% dos juízes de primeira instância no estado pertencem à organização – proporção que se repete entre os promotores, no tribunal, a proporção sobe para 50 a 75%.

Recentemente, o tribunal, em julgamento secreto, decidiu pelo arquivamento de denúncia contra Saulo Castro Abreu Filho, braço direito de Geraldo Alckmin, acusado de organizar grupos de extermínio desde a secretaria de Segurança, e contra dois juízes acusados de participação na montagem desses grupos.
A fusão dos tribunais de Justiça e de Alçada, determinada pela Emenda Constitucional n.º 45, foi uma medida da equipe do ministro da Justiça, Mácio Thomaz Bastos, para reduzir o poder da Obra no judiciário paulista, cuja orientação excessivamente conservadora, principalmente em questões criminais e de família, é motivo de alarme entre profissionais da área jurídica.
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Leia também: Como a Obra [Opus Dei] faz sofrer a família 

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Vi no Folha 13
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