por Cezar Miranda
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Uma coisa que venho percebendo faz algum tempo – e isso poder ser mais antigo do que minha percepção – é uma campanha sistemática de vários setores da sociedade para despolitizar os brasileiros, em especial a juventude.
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Hoje, diferentemente de outrora, não se ver tanta mobilização, ideias de construir uma sociedade mais justa e com mais oportunidades – apesar de termos avançado nesses quesitos – mas o que me refiro é a questão da participação e mobilização social como semente de mudanças e conquistas. Por exemplo, grande parte da população só se lembra da política na hora de votar – e não é lá uma lembrança muito boa – e votam por obrigação, e com a mentalidade e desilusão de que nada vai mudar e que só têm corruptos, não estou isentando os políticos de suas responsabilidades, que muitas das vezes fazem por onde ser taxados de corruptos.
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Como forma de despolitizar a população, assim como fizeram no período da ditadura militar, o poder midiático, tenta a todo custo levar seu plano de dominação dos brasileiros através da sua despolitização. Os grandes barões da mídia, de forma intencional e bem planejada, através das suas emissoras, fazem com que o futebol, as novelas, os realitys shows, fiquem em primeiro plano em detrimento das questões políticas e dos grandes debates que afetam diretamente nossas vidas, e quando colocam em “destaque” os grandes temas nacionais, deturpam ou requentam fatos, na maioria das vezes sem nexos, só para passar a imagem que político é “tudo ladrão” – não quero fazer aqui, como já disse, uma apologia aos políticos, que sabemos também que existem muitos corruptos, que entram na política só para tirar proveitos pessoais e enriquecer, e isso nós já sabemos – para causar indignação à população. A intenção dos grandes barões midiáticos, como já observei, é simples, despolitizar a população, fazer com que ela se esqueça da politica, ter apenas o custoso trabalho de ir votar, se desiludir, acreditar que nada vai mudar e dominá-la, de forma conservadora, para manter seu império de alienação.
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Entretanto, não é só o poder midiático que tenta despolitizar a sociedade, outros setores como parte das igrejas e até mesmo algumas universidades adotam discursos e métodos que não incentivam o engajamento social ou a criticidade em relação à sociedade. Já se foi o tempo em que a igreja – em especial os adeptos da Teologia da Libertação – se envolvia diretamente nos debates e nos grandes temas nacionais, como na redemocratização do país, e na luta por uma sociedade mais desenvolvida e com menos desigualdades sociais, hoje só se ver o show missa, os “espetáculos dos cultos”, padres e pastores cantores, um verdadeiro comercio espiritual. Universidades que transformam a educação em negócio, que só fazem depositar ou transferir conhecimento, uma verdadeira educação bancária, como dizia Paulo Freire, que não produz a criticidade dos estudantes ou acadêmicos, que eles aceitem de forma passiva todas as suas ideias, estudantes que não se envolvam nas lutas por melhorias e direitos que lhe são assegurados, reproduzindo o mesmo discurso de dominação: “para que se mobilizar e se envolver, nessas questões? Não vai mudar mesmo”.
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Contudo, se aceitarmos passivamente essa situação, só fortaleceremos o poder de despolitização e dominação que esses setores tanto querem levar a diante, afinal uma população despolitizada torna-se passiva e aberta a aceitar todas as ideias provenientes desses segmentos.
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Precisamos politizar e ser politizados para não sermos vítimas de discursos conservadores que tem um interesse claro, controlar ideologicamente para manter a sociedade sobre os pés dos seus interesses.
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