O primeiro relatório da ONU Mulheres conclui que as mulheres  ganham menos, têm empregos mais vulneráveis e estão mais expostas à violência. A  própria ONU Mulheres enfrenta uma situação de quase asfixia, por insuficiente  financiamento.
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A directora da agência da ONU para as Mulheres (UN Women), a ex-presidenta do  Chile Michelle Bachelet, disse na apresentação do primeiro relatório da agência  que “a igualdade total exige que as mulheres se tornem verdadeiramente iguais  aos homens à luz da lei – nas suas casas, na sua vida laboral e na esfera  pública”. O relatório salienta que “a discriminação e a injustiça de género  continuam a prevalecer em todo o mundo”.
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O relatório “Progressos para as Mulheres do Mundo: Em Busca de Justiça”  conclui também que as mulheres ganham em média 30% menos do que os homens e  maioritariamente têm empregos mais vulneráveis. A nível global a agência estima  que 53% das mulheres, cerca de 600 milhões, estão em empregos vulneráveis,  nomeadamente em situação de auto-emprego, trabalho doméstico ou negócio familiar  não remunerado, frequentemente fora do alcance de qualquer tipo de legislação  laboral. “E as mulheres ainda realizam mais trabalhos não pagos domésticos e de  prestação de cuidados que os homens, em todas as regiões do mundo”, refere o  relatório.
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A ONU Mulheres assinala que a violência doméstica é criminalizada em 125  países, mas 603 milhões de mulheres vivem em países em que a violência doméstica  não é crime e, mesmo nos países onde é crime, estão mais expostas à violência. A  ONU Mulheres salienta também que apenas em 52 países a violação conjugal está  criminalizada.
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A ONU Mulheres destaca também evoluções positivas, nomeadamente o aumento do  número de países que garantem nas suas constituições a igualdade de género (139  países, actualmente) e o aumento de representação política feminina, destacando  a agência os casos de Ruanda, Nepal e Espanha.
O relatório da ONU Mulheres refere também que, muitas vezes as leis não são  cumpridas e o “estigma social e o fraco sistema de Justiça” levam as mulheres a  não apresentarem queixa e sublinha: “Os custos e dificuldades práticas de  procurar Justiça podem ser proibitivos – de viajar até um tribunal longínquo, ao  elevado pagamento de aconselhamento jurídico. O resultado é uma grande quebra  nos casos em que as mulheres procuram reparação, especialmente na violência de  género”.
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A ONU Mulheres vive também uma situação complicada. Criada em Janeiro deste  ano, a partir da fusão de quatro pequenas entidades dedicadas à mulher, tinha  uma previsão orçamental de 500 milhões de dólares, como orçamento anual. Porém,  o total de fundos obtido até agora está entre 80 e 126 milhões de dólares.  Stephen Lewis, ex-subdirector da UNICEF e que incentivou activamente a criação  da ONU Mulheres, declarou à IPS que o total de fundos recolhido até agora “é  desesperada e pateticamente inferior ao necessário e ao esperado”. Para Lewis,  “a ONU Mulheres está a ser asfixiada ao nascer por uma coligação de ricos”.
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Segundo Antonia Kirkland, assessora da organização Equality Now, sem um  significativo aumento do financiamento a ONU Mulheres corre o risco de ficar  relegada para um papel menor, como ocorreu com as quatro entidades que  substituiu.
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Postado no Esquerda.Net
 




 
 


 
 
 
 
 
 
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