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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Itália sangra na mão do mercado. Ricos desesperados com impostos correm para a embaixada brasileira e pedem asilo

Dono da terceira maior fortuna italiana, Silvio Berlusconi reduz mordida de tributo sobre os mais ricos
Sob ataque, Itália fará arrocho de 54 bi de euros. Câmara aprova cortes de salários, redução de aposentadorias e aumento de impostos. 
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Roma — A Câmara dos Deputados da Itália aprovou ontem o plano de austeridade de 54,2 bilhões de euros, que pretende dar equilíbrio fiscal ao país em 2013 e aliviar a pressão dos mercados sobre o país. A votação foi apertada: 314 votos favoráveis e 300 contrários. O plano já tinha passado pelo Senado na semana passada. Rejeitado por boa parte da população, ele afeta sobretudo a classe média. A Itália vive o seu momento mais crítico há décadas e corre o risco de dar um calote em sua dívida. Para não ir à bancarrota, o país pediu socorro à China.

O arrocho fiscal foi anunciado no início de agosto pelo governo de Silvio Berlusconi, depois de o primeiro plano adotado em julho ser considerado insuficiente pelos mercados. As várias alterações sofridas durante os debates no parlamento, para tranquilizar algumas alas da maioria governista, repercutiram mal entre os investidores, que temem que o pacote não seja implantado de fato.

Entre as medidas aprovadas estão o aumento do Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) e a taxação dos grandes patrimônios em patamar menor do que previa a proposta inicial. As mulheres só poderão se aposentar aos 65 anos no setor privado, e essa regra será aplicada a partir de 2014 em vez de 2016. O plano de cortes de gastos públicos foi reforçado e passou de 45,6 bilhões de euros para 54,2 bilhões. Haverá redução dos gastos ministeriais e dos municípios, assim como o aumento da luta contra a sonegação fiscal, um dos grandes males da Itália.

O imposto dos mais ricos, que havia sido abandonado recentemente, foi reintroduzido, mas será de menor impacto que o anterior por pressões de Berlusconi, a terceira maior fortuna da Itália. Fixado em 3%, o novo tributo só será aplicado sobre as pessoas com rendas superiores a 300 mil anuais (US$ 423 mil ou R$ 730 mil). Pela proposta anterior, seriam afetados todos com rendas superiores a 90 mil euros
(US$ 127 mil ou R$ 155 mil).

As medidas foram aprovadas depois de, na segunda e na terça-feira, a Itália ser obrigada a pagar os maiores juros da história do euro para vender títulos públicos, um sinal de total desconfiança dos mercados. Criticado pelos sindicatos, o plano também é rejeitado pelos industriais, que temem por uma forte recessão econômica. Com o temor de chegar à situação da Grécia, o maior partido de oposição, o Partido Democrático (PD), pediu a formação de um “novo governo” que garanta mais credibilidade ao país.

120% do PIB em dívida

Com o arrocho fiscal, a Itália, terceira maior economia da Zona do Euro, tenta acalmar o ataque dos mercados, nervosos com a gigantesca dívida pública de 1,9 trilhão de euros (US$ 2,7 trilhões), equivalente a quase 120% do Produto Interno Bruto (PIB do país), e com um crescimento econômico quase nulo. Antes da votação do pacote na Câmara dos Deputados, manifestantes protestaram em frente ao parlamento. “Que a crise seja paga por aqueles que a geraram”, diziam os manifestantes em relação aos dirigentes do país.
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