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sexta-feira, 25 de março de 2011

O imperialismo, fase atual do capitalismo

por Emir Sader
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Mesmo sabendo que o Brasil não votou a favor da resolução da ONU sobre o ataque à Líbia, Obama teve a deselegância de dar a ordem de começo da operação militar em solo brasileiro, durante sua viagem relâmpago ao nosso país. Ao mesmo tempo, esbanjou charme, ele e sua mulher, fez elogios fartos ao Brasil e a Dilma – mesmo se muito parco nos acordos concretos.
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A visita de Obama permitiu conhecer de perto as duas caras do mesmo do rosto da potência imperial. A fisionomia pode ser grosseira, como a do seu antecessor, Bush, ou ter a cara simpática de Obama, mas a politica continua sendo a mesma: imperial, belicista, agressiva.
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Porque os EUA não são apenas um país rico. São a cabeça do sistema imperialista mundial. Um sistema que teve sua origem no sistema colonial, aquele que, desde a Europa, submeteu os países dos outros continentes, os explorou, os oprimiu – usando trabalho escravo da África –, dividiu-os entre si e constituiu um sistema internacional de poder que passou a controlar o mundo, sob hegemonia inglesa.
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A decadência inglesa abriu campo para uma disputa de sucessão entre duas potências emergentes – a Alemanha e os EUA -, que as duas guerras mundiais resolveram a favor deste último. Ao mesmo tempo, as formas de dominação foram mudando. Da ocupação direta, que considerava que as colônias faziam parte dos territórios do país colonizador, foi se passando a formas de dominação que conviviam com a independência politica dos países dominados, mas submetidos a forte controle econômico, tecnológico e militar. Foi se passando do sistema colonial ao sistema imperialista, que tem nos EUA sua cabeça fundamental. Fundem-se no poder norteamericano o poder econômico, político, tecnológico, militar e ideológico.
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O imperialismo e os monopólios são a consequência natural da concorrência capital no mercado, em que os mais fortes se tornam cada vez mais fortes, os poderosos cada vez mais poderosos. A concentração de renda e de poder é um resultado obrigatório das condições da concorrência, em que o Estado tem um papel estratégico, seja de favorecer os grandes grupos econômicos, seja de promover os interesses das grandes potências nos conflitos internacionais.
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Os EUA passaram a defender os interesses do bloco capitalista em escala mundial, mediante sua força militar, sua capacidade de ação politica, de exportação global dos valores das suas formas de vida – o “modo de vida norteamericano”. Defendeu a esse bloco durante a Guerra Fria – do término da Segunda Guerra Mundial até o fim da URSS (de 1945 a 1991) – contra os “riscos do comunismo”. Terminado esse período, passaram a buscar inimigos que justificassem a manutenção e a contínua militarização da sua economia e dos conflitos. Encontraram no “terrorismo” esse novo inimigo. As guerras do Afeganistão, do Iraque e agora da Líbia, expressam a forma concreta que essa luta adquire – contra países árabes, portadores de recursos energéticos que os países ocidentais não dispõem ou dispõem de forma insuficiente.
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Por que governantes de partidos distintos, com estilos diferentes, acabam defendendo os mesmos interesses: respeitando antes de tudo o poder dos bancos, da indústria bélica, mantendo as guerras iniciadas e começando outras? Porque, para além daquelas diferenças, se mentem o mesmo papel imperialista dos EUA? Porque é um Estado que tira sua legitimidade, sua força, dessa função de líder do bloco das potências capitalistas no mundo.
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As guerras sempre foram parte integrante na afirmação da superioridade imperialista. Aproveitando-se da sua superioridade no plano militar, tratam de resolver os conflitos pela força, impõem-se a seus aliados valendo-se dessa superioridade militar. Assim os EUA se tornaram a potência mais bélica da história da humanidade, não apenas pelo seu poderio militar, mas também pela quantidade de invasões, agressões, desembarques, participações em golpes militares.
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Mesmo com a economia em recessão, os EUA mantem sua capacidade de intervenção militar, de forma direta ou através de aliados, em quase todas as regiões do mundo, de que a Líbia agora é a confirmação. A luta pela democracia no mundo passa pela ruptura do mundo unipolar e a passagem a um mundo multipolar, em que o maior numero de vozes possíveis sejam ouvidas para decidir os destinos da humanidade, até aqui concentrados nas mãos do maior império e o mais agressivo que a história conheceu.
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No Carta Maior
Com Na Trincheira

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