por Renato Rovai, no Blog do Rovai
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O deputado federal do Demo, Júlio Campos, ex-governador do Mato Grosso, referiu-se ao ministro do STF Joaquim Barbosa como “moreno escuro do Supremo”.
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Um negro quando chega à Casa Grande para ser “homenageado” passa a ser moreno ou mulato. E se a coisa vier a se tornar afetiva e ele não for fisicamente grande, moreninho ou mulatinho.
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É um jeito de embranquecê-lo e ao mesmo tempo desconstrui-lo.
Negro agride.
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Não a cor da pele, mas a história que existe por debaixo dela.
É disso que se trata.
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Um branco racista nunca vai aceitar que um negro possa decidir sobre algo que a ele incide.
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E vejam a ironia da história. O Demo Júlio Campos ao chamar Joaquim Barbosa de “moreno escuro do Supremo” defendia a prisão especial para autoridades.
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Ou seja, o privilégio da elite branca que sempre se adonou do país e que se vier a ser pega com a boca na botija, quer ser tratada com distinção, com o respeito que o cargo lhe confere.
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E essa mesma elite branca e racista não se conforma que um negro possa decidir sobre algo que tanto lhe interessa. Ou seja, sobre um privilégio que lhe é histórico e que de alguma forma esteve sempre associado à cor da pele e a classe social.
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Prisão comum é para pobre. E se possível, negro.
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O ministro Barbosa tem sido alvo de preconceitos explícitos desde que assumiu o cargo no STF. Dessa vez ele tem obrigação de reagir em nome de muitos outros negros que não são do Supremo. E cujo preconceito não se torna notícia de jornal.
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O ministro deve fazer o que lhe for permitido do ponto de vista legal para que o deputado Demo receba uma punição exemplar. Não dá mais para aceitar que episódios como este acabem num formal pedido de desculpas.
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Júlio Campos não deve desculpas a Joaquim Barbosa. Cabeças como a dele devem perdão pela vergonhosa história que vivenciamos no Brasil. Devem reparação aos danos causados a milhões de brasileiros.
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Precisam ser punidos pelas frases estúpidas que proferem, porque isso se torna exemplar para impedir que se avance ainda mais neste sinal fechado pela nossa Constituição. O crime de racismo é a nossa proteção multirracial.
Por detrás de frases como esta se esconde uma história de sangrenta. Uma história que foi desbotada pela narrativa oficial. Como também se quer desbotar o negro, tornando-o mulato.
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Como se a cor da pele preta é que fosse a cor da violência.
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