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Em entrevista recente a CartaCapital, o jornalista e apresentador Juca Kfouri, maior desafeto do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, narrou a frustração que sentiu ao ver o cartola de braços dados com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante um amistoso da seleção brasileira contra o Haiti, em Porto Príncipe, em 2004.
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A união entre o governo e Teixeira, no poder da entidade desde 1989 e desde então colecionador de acusações de todo tipo – como a de receber propina de uma empresa já falida em troca de publicidade durante a Copa do Mundo – contrastava com uma promessa feita quando Lula lançou o estatuto do torcedor e prometeu que nunca mais jornalistas como Kfouri se queixariam dos maltratos sofridos pelos fãs do futebol nos estádios do País.
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Na mesma entrevista, porém, ele confidenciou um alento: o de que a atual presidenta, Dilma Rousseff, não nutria admiração alguma pelo mandatário do futebol, que distribuiu aliados – da filha ao assessor de imprensa – no comitê organizador da Copa do Mundo de 2014.
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Se um gesto simbólico, naquela ocasião, indicava a aproximação, um outro aceno foi feito neste sábado 30, dia em que o Brasil realizou o sorteio das chaves para as Eliminatórias do Mundial.
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Na cerimônia que reuniu artistas, políticos e alguns dos principais nomes do futebol nacional, como Ronaldo e Zico, Teixeira foi recebido com frieza dentro da própria festa. E a recepção foi feita por ninguém menos que a presidenta da República.
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Como se confirmasse a percepção de que o cartola de fato não conta com a simpatia da presidenta, Dilma dispensou a ele apenas um tratamento protocolar. No discurso mais importante da tarde, o homem mais poderoso do futebol foi lembrado apenas como “senhor Ricardo Teixeira” – num ato falho da presidenta, proposital ou não, que não o citou como presidente do comitê organizador do Mundial. Alvo de protestos do lado de fora da Marina da Glória, onde foi realizada a cerimônia, Teixeira não foi sequer chamado para o palco no início da apresentação. Ficou, com a cara de poucos amigos de sempre, sentado numa fileira ao lado do presidente da Fifa, Joseph Blattler.
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O gelo foi derretido quando ela se dirigiu a Pelé, recém-nomeado embaixador da Copa no Brasil, e a quem Dilma não poupou honrarias. Em sua fala, o Rei do Futebol foi lembrado como “meu querido”, e “inesquecível”. O craque, que mantém relações instáveis com Teixeira, foi aplaudido de pé.
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Foi dessa maneira que, na festa da cartolagem, a presidenta avisou, a seu jeito, que o futebol é feito por quem está, ou pelo menos já esteve, em campo.
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“O Brasil continua a ser identificado como o país do futebol. E isso nos envaidece. Nós amamos o futebol. Ganhamos cinco Copas do Mundo e aqui nasceram muitos dos maiores craques de todos os tempos”, lembrou, antes de convidar “os povos do mundo inteiro a conhecer o Brasil e os brasileiros”.
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“Encontrarão um Brasil muito bem preparado para realizar a Copa. Com toda a infraestrutura necessária: transporte, tecnologia de comunicação e muita segurança”, prometeu.
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“Estamos fazendo a nossa parte para que a Copa seja a melhor de todos os tempos. Estejam certos de que esse novo Brasil estará pronto para encantar o mundo em 2014”, finalizou a presidenta.
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