O pensamento revolucionário foi produzido, originalmente, vinculado diretamente à prática política. A geração inicial era composta de pensadores revolucionários e, ao mesmo tempo, dirigentes políticos. Marx, Engels, Lenin, Rosa Luxemburgo, Trotsky, Gramsci, pertencem a essa categoria.
A repressão nazista na Europa e a estalinizacão do partidos comunistas intervieram para romper essa associação inicial, fundamental para que a teoria fosse, ao mesmo tempo, guia de transformação revolucionária da realidade. Surgiu a imagem do intelectual marxista, com profunda capacidade de analise teórica, mas sem vínculo direto com a realidade.
Essa anomalia – um marxismo não vinculado diretamente com a prática política – tornou-se o modelo de reflexão teórica, produzindo a anomalia de reflexões teóricas sem prática política e prática política sem reflexões teóricas. Os temas de elaboração teórica foram, por sua vez, se distanciando das questões mais articuladas com a realidade concreta – economia, política, temas estratégicos, sociais – concentrando-se mais em questões de método, de analise estética, moral.
Essa desvinculação é negativa para ambos – a teoria e a prática. A teoria se torna estéril, seja pelos temas a que se vê limitada, seja porque suas formulações não encontram imediatamente forças sociais e políticas que as ponham em prática. Enquanto que a prática política tende a ser empírica, pragmática, a perder o horizonte estratégico.
Modificações nesse quadro vem da América Latina contemporânea. Na Bolívia, o vice-presidente, Alvaro Garcia Linera, é um intelectual e dirigente político ao mesmo tempo, com capacidade de análise e elaboração, que tem sido centrais para orientar o complexo e inovador processo boliviano.
No Equador, o presidente Rafael Correa e a equipe que o acompanha no governo, tem origem universitária, são jovens, com boa capacidade teórica e visão política.
Elementos que têm feito falta em processos como o brasileiro, o argentino, venezuelano, entre outros.
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