Por Altamiro Borges
A corrupção é uma praga que prejudica principalmente o trabalhador – que paga impostos e que mais necessita que este dinheiro seja revertido em escolas, hospitais, transporte, etc. Qualquer desvio dos recursos públicos deve ser apurado com rigor e os corruptos e corruptores devem ser punidos. Não dá para tergiversar diante da corrupção. Nenhum fim justifica esse meio ilícito. Ponto!
Feita esta declaração de princípio, é preciso ficar atento diante da cobertura da mídia sobre este tema. A fase do romantismo na imprensa já passou. Hoje, meia dúzia de famílias controla a mídia no Brasil e utiliza esse poder para defender os seus interesses. As investigações jornalísticas sérias, isentas, devem ser valorizadas. Já as manobras sorrateiras dos barões da mídia precisam ser desmascaradas.
A “escandalização da política”
Só os ingênuos acreditam na imparcialidade das famiglias Marinho, Civita, Frias e outras que controlam a imprensa. Elas sempre usaram a “escandalização da política” com objetivos escusos. Contra as leis trabalhistas e o nacionalismo de Getúlio Vargas, elas inventaram o “mar de lama”. O mesmo moralismo serviu para envolver a classe média na preparação do golpe militar de 1964.
Contra o presidente-operário Lula, a mídia golpista escancarou todo o seu ódio de classe. Editoriais pregaram o seu impeachment. Judith Brito, presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e executiva do Grupo Folha, justificou a partidarização alegando que a oposição estava muito fraca. O golpismo só não vingou porque Lula foi às ruas e a mídia ficou com medo do confronto.
Fim traumático do “namorico”
Agora, a mídia demotucana volta à carga. Após um breve “namorico” com a presidenta Dilma, que visou enquadrá-la para impor as teses neoliberais derrotadas nas urnas, ela partiu com brutal ferocidade contra o governo. Desde o estouro do escândalo do súbito enriquecimento de Antonio Palocci, em 15 de maio, o noticiário é só desgraceira. Parece que o Brasil afunda na corrupção.
Nestes três meses de denuncismo, três ministros já caíram por distintas razões (Palocci, da Casa Civil; Nelson Jobim, da Defesa, e Alfredo Nascimento, dos Transportes) e outros dois estão na berlinda (Wagner Rossi, da Agricultura, e Pedro Novais, do Turismo) – um recorde em tão curta gestão. A badalada “faxina” da presidenta já varreu vários membros do alto escalão do seu ministério.
Os três objetivos da mídia
Dilma Rousseff não pode vacilar diante da corrupção e ela tem sido dura no trato do tema – bem diferente de FHC. Se houvesse “faxina” quando da denúncia da compra de votos para a sua reeleição ou das falcatruas na venda das estatais, não teria sobrado ninguém no seu governo. Na época, a mídia não fez tanto alarde, até porque defendia a continuidade de FHC e as privatizações.
O falso moralismo udenista, tão seletivo e matreiro, sempre serviu a objetivos escusos. Na prática, a mídia demotucana retomou a onda denuncista com três objetivos básicos: o primeiro é desgastar a imagem da presidenta – o que já respinga nas pesquisas; o segundo é colocar o governo na defensiva, pautando a sua agenda; e o terceiro é implodir a sua base de apoio no parlamento.
O governo sob fortes riscos
Este terceiro intento é o mais forte no momento – e também o mais perigoso. Folha, Estadão e O Globo publicam editoriais quase diários aconselhando Dilma a acelerar a “faxina” (termo com viés machista), varrendo os partidos da sua base de apoio. Depois do rompimento do PR, a mídia estimula agora o confronto com o PMDB, a segunda maior força de sustentação do atual governo.
Os barões da mídia são raposas velhas. Eles sabem que se houver uma conflagração na base aliada, Dilma Rousseff terá enormes dificuldades para governar. Poderá até sucumbir antes do fim do seu mandato. No atual sistema político brasileiro, não há como prescindir do apoio parlamentar. A armadilha da “faxina”, que seduz os mais ingênuos, visa implodir o atual governo.
Desafios urgentes
Alguns dos partidos “tratados como lixo” pela mídia também fazem parte da base de sustentação de governos estaduais tucanos. Neste caso, eles não são incomodados. Não há denúncias de corrupção contra os governos da direita. Até os demos viraram santos. Inúmeros pedidos de CPIs morrem nos corredores das Assembléias Legislativas hegemonizadas pelo PSDB e a mídia não faz qualquer alarde.
A equação é difícil. A presidenta Dilma não pode vacilar diante da corrupção, mas também não pode ser pautada pela mídia que deseja implodir a sua base de sustentação. Um critério básico é respeitar a Constituição, que garante a “presunção da inocência” – a mídia, de forma leviana e criminosa, pratica a “presunção da culpa”. Apurar com rigor, mas com justiça, e retomar a ofensiva política, saindo da armadilha do “faxina” – eis os grandes desafios políticos do governo. Não é fácil, mas é urgente!
A corrupção é uma praga que prejudica principalmente o trabalhador – que paga impostos e que mais necessita que este dinheiro seja revertido em escolas, hospitais, transporte, etc. Qualquer desvio dos recursos públicos deve ser apurado com rigor e os corruptos e corruptores devem ser punidos. Não dá para tergiversar diante da corrupção. Nenhum fim justifica esse meio ilícito. Ponto!
Feita esta declaração de princípio, é preciso ficar atento diante da cobertura da mídia sobre este tema. A fase do romantismo na imprensa já passou. Hoje, meia dúzia de famílias controla a mídia no Brasil e utiliza esse poder para defender os seus interesses. As investigações jornalísticas sérias, isentas, devem ser valorizadas. Já as manobras sorrateiras dos barões da mídia precisam ser desmascaradas.
A “escandalização da política”
Só os ingênuos acreditam na imparcialidade das famiglias Marinho, Civita, Frias e outras que controlam a imprensa. Elas sempre usaram a “escandalização da política” com objetivos escusos. Contra as leis trabalhistas e o nacionalismo de Getúlio Vargas, elas inventaram o “mar de lama”. O mesmo moralismo serviu para envolver a classe média na preparação do golpe militar de 1964.
Contra o presidente-operário Lula, a mídia golpista escancarou todo o seu ódio de classe. Editoriais pregaram o seu impeachment. Judith Brito, presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e executiva do Grupo Folha, justificou a partidarização alegando que a oposição estava muito fraca. O golpismo só não vingou porque Lula foi às ruas e a mídia ficou com medo do confronto.
Fim traumático do “namorico”
Agora, a mídia demotucana volta à carga. Após um breve “namorico” com a presidenta Dilma, que visou enquadrá-la para impor as teses neoliberais derrotadas nas urnas, ela partiu com brutal ferocidade contra o governo. Desde o estouro do escândalo do súbito enriquecimento de Antonio Palocci, em 15 de maio, o noticiário é só desgraceira. Parece que o Brasil afunda na corrupção.
Nestes três meses de denuncismo, três ministros já caíram por distintas razões (Palocci, da Casa Civil; Nelson Jobim, da Defesa, e Alfredo Nascimento, dos Transportes) e outros dois estão na berlinda (Wagner Rossi, da Agricultura, e Pedro Novais, do Turismo) – um recorde em tão curta gestão. A badalada “faxina” da presidenta já varreu vários membros do alto escalão do seu ministério.
Os três objetivos da mídia
Dilma Rousseff não pode vacilar diante da corrupção e ela tem sido dura no trato do tema – bem diferente de FHC. Se houvesse “faxina” quando da denúncia da compra de votos para a sua reeleição ou das falcatruas na venda das estatais, não teria sobrado ninguém no seu governo. Na época, a mídia não fez tanto alarde, até porque defendia a continuidade de FHC e as privatizações.
O falso moralismo udenista, tão seletivo e matreiro, sempre serviu a objetivos escusos. Na prática, a mídia demotucana retomou a onda denuncista com três objetivos básicos: o primeiro é desgastar a imagem da presidenta – o que já respinga nas pesquisas; o segundo é colocar o governo na defensiva, pautando a sua agenda; e o terceiro é implodir a sua base de apoio no parlamento.
O governo sob fortes riscos
Este terceiro intento é o mais forte no momento – e também o mais perigoso. Folha, Estadão e O Globo publicam editoriais quase diários aconselhando Dilma a acelerar a “faxina” (termo com viés machista), varrendo os partidos da sua base de apoio. Depois do rompimento do PR, a mídia estimula agora o confronto com o PMDB, a segunda maior força de sustentação do atual governo.
Os barões da mídia são raposas velhas. Eles sabem que se houver uma conflagração na base aliada, Dilma Rousseff terá enormes dificuldades para governar. Poderá até sucumbir antes do fim do seu mandato. No atual sistema político brasileiro, não há como prescindir do apoio parlamentar. A armadilha da “faxina”, que seduz os mais ingênuos, visa implodir o atual governo.
Desafios urgentes
Alguns dos partidos “tratados como lixo” pela mídia também fazem parte da base de sustentação de governos estaduais tucanos. Neste caso, eles não são incomodados. Não há denúncias de corrupção contra os governos da direita. Até os demos viraram santos. Inúmeros pedidos de CPIs morrem nos corredores das Assembléias Legislativas hegemonizadas pelo PSDB e a mídia não faz qualquer alarde.
A equação é difícil. A presidenta Dilma não pode vacilar diante da corrupção, mas também não pode ser pautada pela mídia que deseja implodir a sua base de sustentação. Um critério básico é respeitar a Constituição, que garante a “presunção da inocência” – a mídia, de forma leviana e criminosa, pratica a “presunção da culpa”. Apurar com rigor, mas com justiça, e retomar a ofensiva política, saindo da armadilha do “faxina” – eis os grandes desafios políticos do governo. Não é fácil, mas é urgente!
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Postado no blog do Miro
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