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terça-feira, 20 de março de 2012

A fé como negócio

Por Cezar Miranda
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Não é de hoje que instituições religiosas usam a fé como elemento de prosperidade [prosperidade das igrejas] ou como fonte para enriquecimento ilícito dos seus ‘lideres’. Historicamente, podemos perceber esse “fenômeno” [a fé como negócio] com mais clareza no final da idade média durante o Pontificado do Papa Leão X, quando a igreja católica negociava a venda de indulgências, ou seja, o perdão papal pelos pecados.
 
Baseada na lógica capitalista onde a influência do capital e das forças de mercado é predominante e alteram as relações sociais e de trabalho, os pseudo-religiosos, na maioria das vezes líderes de denominações religiosas, viram na lógica desse sistema econômico uma grande oportunidade para obterem lucro e aumentar o seu patrimônio. Tais igrejas são denominadas 'Igrejas da prosperidade'.

Aproveitando-se da vulnerabilidade e da complexidade características do ser humano e de uma “sociedade doente” cada vez mais egocêntrica e mesquinha, os “profetas do dinheiro”, usam bem a ‘teologia da prosperidade’ e da boa fé dos fieis para aumentar a arrecadação financeira e construir seus “impérios”.

Estamos acompanhando uma verdadeira “guerra santa”, ou melhor, uma guerra pelo controle dos fieis, entre o autodenominado apóstolo Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus e o também autodenominado Bispo Edir Macedo da IURD.  Ambos se digladiam numa luta para ver quem mantém [nesse segmento religioso] o controle das mentes dos fieis, dos espaços midiáticos e consequentemente do mercado religioso.

Fazendo um paralelo, essa luta “sangrenta” parece mais uma luta entre máfias, onde o mestre ensinou todas as características de uma organização criminosa ao seu discípulo e ele o trai, rompe com seu mentor e cria outra organização, atitude que desperta o ódio do ex-chefe que meticulosamente planeja a sua vingança. É só lembrar que Valdemiro Santiago é ex-bispo da Universal e ex-aliado de Macedo, rompeu com ele para fundar a Igreja Mundial do Poder de Deus, e assim controlar todo o capital financeiro advindo das contribuições dos fieis.

Vamos ver até onde vai essa briga desses “mercadores da fé”, pelo controle dos fieis, que nesse contexto são tratados como mercadorias e como fonte que sustentam o mercado da fé através do seu bolso? A religião, mais do que nunca, continua sendo o ópio do povo.
 
Quanto maior o império maior a extorsão para mantê-lo!

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